O que desejo ainda não tem nome.
Sou pois um brinquedo a quem dão corda e que terminada esta não encontrará vida própria, mais profunda. Procurar tranquilamente e admitir que talvez só a encontre se for buscá-la nas fontes pequenas.
Ou senão morrerei de sede.
Talvez não tenha sido feita para as águas puras e largas, mas para as pequenas e de fácil acesso. E talvez meu desejo de outra fonte, essa ânsia que me dá ao rosto um ar de quem caça para se alimentar, talvez essa ânsia seja uma idéia e nada mais.
Porém, os raros instantes que às vezes consigo de suficiência, de vida cega, de alegria tão intensa e tão serena como o canto de um órgão; esses instantes não provam que sou capaz de satisfazer minha busca e que esta é sede de todo um ser e não apenas uma idéia?
Além do mais, a idéia é a verdade!
Grito-me.
Clarice Lispector
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